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18/05/2017

Adeus Orgia

O poeta se parece cada vez mais
com o espelho
que vislumbra insone
o desejo que o devora.

A insônia de uma paixão
natimorta,
um beijo,
um sexo...
um queijo.

O poeta se parece cada vez mais
com os dias
nos quais se arrisca nas ruas
sob o sol de meio dia,
sem álcool.

Adeus, azia.
Olá, melancolia.
Adeus, orgia.
Olá, apatia.

O poeta já não sorri,
já não sente dor da alma,
já não arde de temor,
e nem com o clamor insano
de querer
guerra
&
paz
de espírito.

O poeta se parece cada vez mais
com o espelho
e o aparelho de barbear
já não tem mais efeito.

Os olhos vermelhos
Já não são rubros de lágrimas
e a boca entreaberta
é apenas um cemitério
de palavras.

O poeta se parece cada dia mais...
dia mais,
dia menos,
cada dia,
de dia...

E de noite se desfaz
em poesias espelhadas
de sua angústia emparedada
nos porões de sua alma.

No coração irreflexível,
Não há vestígios de desejos
guerra
&
paz
de espírito...

um beijo,
um sexo...
um queijo.

O poeta se parece cada vez mais
Com sua poesia.




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