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22/03/2010

Mergulho Íntimo


Sabe, as vezes não dá para respirar.
O ar carregado, pesado, denso,
invade os pulmões abrindo caminho
à força e se instala incômodo
como grãos de areia numa ampulheta.
Sabe, o mundo já foi mais sutil.
Não há trilhas dentro do próprio caminho
e o sol se pôs, e escurecendo mais cedo
do que se esperava...
Não há lua ou estrelas que iluminem a noite.
Ah, já me atirei de sete abismos,
mergulhei em sete garrafs de run,
rezei sete vezes para os anjos me levarem
e sete corvos prometeram devorar os meus olhos.
Sete vezes tentei enxergar e não vi
um palmo além de minhas promessas.
Sabe, às vezes não dá para existir,
é melhor calar do que gritar derrotas.
Mergulhar dentro de si mesmo e
tentar buscar a saída, vendo com
o tempo, que o corpo não é um templo
e sim, uma prisão de sonhos engavetados.

São Gonçalo, 22 de março de 2009.

13/03/2010

Valsa da Salvação

Castanhos olhos,
Sorriso ameno,
Pele macia,
Desejo pleno,
Salve do mundo
O poeta imundo.
Salve das ruas
Sua sina crua.

Pele desnuda,
Cheiro de noite,
O gosto da chuva,
Gemidos de açoite.
Leve-me seguro
Pro teu seio puro,
Ressuscite este corpo
Que já estava morto.

Ó lírio, ó amor!
Sou lobo perdido,
Sou cravo de dor
De peito ferido.
Acolha em seu corpo
O espírito coxo
Do gauche amante
Em teu pleno coito.


Novembro de 2009.