.

.

21/12/2008

Chuva

O tamborilar da chuva enlouquece
minha face inane em plena morbidez,
com um olhar insano ao horizonte que apetece
a dor da vida que embriaga-me de vez.

O belo da chuva: minha angústia de existir.
Faço de sua fórmula plena e natural
o mais fantástico elixir
para curar minha conduta profana e imoral.

Já não sei o que é chuva ou alma,
desse menestrel pálido que voz fala,
que ri e se embriaga com o gosto da amálgama
e no instante seguinte se cala.

A chuva é de tudo o mistério,
das lágrimas do céu intemperoso
e dos relâmpagos que ecoam raios histéricos
ao poeta que vaga inglorioso.


Travessia de barcas Niterói - Rio de Janeiro (Baía de Guanabara chuvosa), 23 de outubro de 2003.

Nenhum comentário: