minha face inane em plena morbidez,
com um olhar insano ao horizonte que apetece
a dor da vida que embriaga-me de vez.
O belo da chuva: minha angústia de existir.
Faço de sua fórmula plena e natural
o mais fantástico elixir
para curar minha conduta profana e imoral.
Já não sei o que é chuva ou alma,
desse menestrel pálido que voz fala,
que ri e se embriaga com o gosto da amálgama
e no instante seguinte se cala.
A chuva é de tudo o mistério,
das lágrimas do céu intemperoso
e dos relâmpagos que ecoam raios histéricos
ao poeta que vaga inglorioso.
Travessia de barcas Niterói - Rio de Janeiro (Baía de Guanabara chuvosa), 23 de outubro de 2003.
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