Amontoados na cidade obscura,
vidro e metal contorcido.
Rios de carne e lixo comercial
desembocam nas avenidas entrelaçadas
por sonhos tortos capitalistas.
A multidão incrépida, vulgar, voraz,
devora a sensatez e luta como moléculas
por um espaço debaixo de uma propaganda
luminosa, de uma marca famosa e ditadora
que irá aparecer no "horário nobre" da TV.
A humanidade toda deveria tomar Thorazine!
Pelo menos uma ou duas vezes ao dia.
Só assim, as ruas ficariam vazias.
VA-ZI-AS!
E o mundo, na consistência de achar
que no centro do universo existe,
(enquanto todos estivessem sob o efeito da droga)
ficaria em repleta harmonia.
Dessa forma, quase que disforme,
sinto a sua falta em meio a fumaça que me atordoa.
No cinza enegrecido, na ignorância do homem,
sinto a sua falta no perigo que convive ao meu lado,
na tristeza de não tê-la
e ter que dar um sorriso morto pálido.
Mas ninguém se incomoda...
...Quem vai tomar Thorazine?
O homem e sua virtude psicótica...
...Quem vai tomar Thorazine?
Um ruído que corrói minha alma torta...
...Quem vai tomar Thorazine?
Eu vou tomar Thorazine antes que tudo acabe em festa!
E a humanidade e seus conceitos filosóficos, sociológicos, políticos, antropológicos,
psicológicos e filantrópicos
que tome no cu!
O THORAZINE É MEU!
Ah, meu amor...
Um comentário:
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