.

.

23/03/2015

Partes Partidas


Parti com meu peito partido
para partes de lugares sempre esquecidos.
Inebriado o meu olhar,
insensato o meu sorriso,
parti com o meu peito partido.

Parti com os meus ideais vendidos,
sou um homem estranho
de espírito cansado e vencido.


Um ser esquisito,
de moral utópica abatida
com os olhos de choro embebidos
ou beija-flor do deserto
que corteja a flor perdida.

Sugo o néctar seco do castigo e me sacio
com o acre sabor da ferida!

Parti com meu sonho partido
para partes de um templo esquecido.
Poeira sufoca no ar,
buracos tropeçam no piso,
pois parti com meu peito partido.

Parti com os meus pés escarnecidos,
sou andarilho mundano
com passos tortos e indecisos.


Um ser promíscuo,
viajante imprudente da vida
com os punhos de sangue tingidos
ou beija-flor da cidade
que corteja a flor apodrecida.

Sugo o néctar carbônico dos sentidos e me atingem
com uma bala perdida!


Parti com meu peito partido...


Poema publicado no livro Tudo Que Morre é Consumado (pág. 26, Publicação Independente, 2010).

Vídeo gravado pela Agência Papa Goiaba no evento Uma Noite na Taverna, em setembro de 2014, no SESC São Gonçalo. 

Um comentário:

to0T4L disse...

Estamos sempre de partida para encontrarmos nossa paz interior longe da poeira q sufoca os sonhos ...

Belo poema.

Abs