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12/03/2013

Banquete à Mesa do Rei

Sentado à mesa com o rei,
todos percebem a minha barba de plebeu.
Flerto insistentemente com a dama
enquanto o valete se embriaga
com uma estranha bebida colorida.

Não sei quanto tempo ainda vou aguentar.

Soldados massacram vilas em busca de ouro,
pássaros se calam ao dobre retumbante
dos sinos da solidão, enquanto suo
rios de sangue para as hienas refesteladas
na falsidade.

Não sou mais um bobo da corte,
nem um carrasco, nem cetro
ou espada, nem ao menos
o vento guiado pela mais bela rosa.

Não sei quanto tempo vou aguentar.

As coisas são assim: a vida é um jogo
que se perde, um suspiro não ouvido,
uma frase interrompida...
O rei brinda e sorri e todos sorriem com ele,
e eu sério, sou apontado, zombado,
acusado, renegado... então não aguento.

Me levanto do banquete e sigo para
a concha que me espera.

São Gonçalo, 12 de março de 2013.

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