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11/05/2011

Restos de Mim II (Ou Um Homem de Coração de Vidro)

Para Kleber Murilo Peres
Sou restos de mim,
espalhado em estilhaços de alma,
que o vento sopra, carrega
com a poeira do tempo
e da dor.

As partículas do ser inane
se desagregam em constante ciclo
que desalinha a natureza morta
do meu olhar insensato e perdido.

Meus passos rijos, movimentos mecânicos,
mecanismo desfeito de uma vã perfeição,
sou como a vidraça que se estilhaça
com o beijo da pedra
e se entrega ao chão.

Sou restos de mim,
restos de esperanças,
com um coração de vidro
que se quebra a cada ilusão.

Sou restos de mim,
espalhado dentro de um corpo,
que pesa contra o vento
se desfazendo em poeira
e dor.

2 comentários:

fernando nunes disse...

MUITO BOA A SUA APRESENTAÇÃO NO MAC NO BRINDE A POESIA

Vitor L. Muniz disse...

Já diria Guimarães Rosa que "Viver é um rasgar-se e remendar-se." Nós poetas somos fadados, amaldiçoados e abençoados. É duro ter olhos que de fato enxergam até mesmo na escuridão da alma. Um brinde a poesia e que mantenhamos sempre esta viva num mundo onde a arte tende a perecer em língua morta. Um grande abraço meu amigo!