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23/02/2011

O Algoz Assassino de Sonhos

Em meu peito
existe um coração
que espeta,
como os espinhos
das rosas frescas
colhidas do jardim
da desilusão.

Em minha alma,
há um verso
de Piaf que reverbera:
"Balayés les amours
Et tous leurs tremolos
Balayés pour toujours
Je repars à zero ...".*

E diante disso,
pavorosa quimera
me abraça em pesadelos
no lençol amargo
da solidão.
Sensato e algoz
assassino de sonhos,
vulgar coveiro,
catalepsia,
lágrimas de sangue,
abstinência e vãs
orações proferidas.

Suor noturno,
inferno e céu,
anjos e demônios
sopram culpa
e penitência...
e penitente o poeta
segue dolorido
com o peito
estremecido
em caminhos dantes
já trilhados. 

São Gonçalo, 23 de fevereiro de 2011.
(*) trecho de Non Je Ne Regrette Rien, interpretado por Edith Piaf.

2 comentários:

a_rosa disse...

poxa, eu nao conheço Piaf, nem entendo francês =/

é um poema triste e pesado, dá p sentir a dor!

muito bom :)

Desengavetados disse...

Faz do peso da alma uma poesia que se livra rs
Interessante, como de costume!