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24/07/2010

Angústia (Ou a Dança de Mefistófiles sobre o Claustro da Loucura)


Dancemos com Mefistófiles sobre o claustro da loucura!
Dancemos com Cristo sobre a cruz tombada!
Dancemos sobre a morte da paixão prematura!
Dancemos nus entre raios e trovoadas!
O amargo que oprime o meu peito
e percorre o meu corpo inteiro,
no vão e instintivo desejo
de um pobre e pseudo-cancioneiro.

A insatisfação é sempiterna...
Do pranto que não se enxuga.
Nas costas ostento a dor de uma quimera
e me afundo em vil lama obscura.

Espero o esperar do inferno,
como Mefistófiles dançou diante de Fausto!
Preferia viver num sanatório e interno
viver a louca solidão de meu claustro.

O choro amargo entala na garganta
e faz um nó de angústia em meu peito.
Em minh’alma vadia um temor se agiganta
e meus olhos se desviam fúlgidos do espelho.

Meu claustro me recebe no fim do dia,
depois de horas a fio numa dança maldita,
e me entrego a Morfeu em minha doce apatia
e durmo sonhos que não vivo em minha vida.

Dancemos com Mefistófiles sobre o claustro da loucura!
Dancemos com Cristo sobre a cruz tombada!
Dancemos sobre a morte da paixão prematura!
Dancemos nus entre raios e trovoadas!
(2005/2006).

Um comentário:

michelle disse...

Adorei essa poesia, principalmente a simetria das estrofes (as rimas). Ficou ótimo!