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19/07/2010

A Maldição de Cronos

Não comerás do pão o miolo que te alimenta
E nem beberás do vinho o fermentado que te embriaga,
Não olharás nos olhos a luxúria que te deseja
E nem sucumbirás ao prazer da carne que te enleva.

Caminharás com o peso de teu corpo
A ventilar ao leu os sonhos que não cumpriu
Levarás contigo, de um lado, o fardo da culpa
E do outro o da frustração.

Sentirás no peito o peso dos amores desfeitos
E te assombrarás com os amores que não viveu,
Olharás sempre ao chão onde pisa,
Pois não haverá mais horizonte para onde seguir.

Tragarás os teu erros como julgo
E as vitórias como uma perene lembrança
E te fadigarás com o porvir
Porque o porvir já bem conheces e aguardas.

Destino amargo e cruel te reservo, pobre homem,
Que tem o bastão da vaidade e a ambição
Como o deus que oras a cada dia que se passa
Para acordar na insanidade do pó ao que volverás.

São Gonçalo, 19 de junho de 2010.
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Um comentário:

Mensageiro Obscuro disse...

Excelente poema. Muito bom de ler com expressividade profunda, capaz de lançar o leitor nas antecâmaras da mente de um escritor sombrio.