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01/03/2016

As Garças do Rio Imboaçu

Vestem-se de negra essência
sobre suas penas
e pescam a desesperança
na agonia de seus dias.

sobrevoam a miséria sob seus olhos -
seus bicos fétidos
tem a misericórdia divina

! e batem as asas da pobreza...
vupt...povertà...vupt... povertà...
vupt...povertà!

Os ribeirinhos maldizem
o voo mendicante mas elas
têm o amor e o perdão de Deus.

Pois Deus perdoa
os pobres
e miseráveis
em seus banquetes vazios
de querência e sofreguidão.

- genuflexão -
[Ah, Senhor, perdoa-nos a nós também
em nossa conduta maldita! Não somos garças, mas somos mendigos de nossas próprias prisões de desejos]


Um brilho vem do céu, mas com ele
a sombra de uma garça que pousa
sobre os restos dos restos de todo
o resto da humanidade.

Pobres criaturas...

Como são pobres as garças
do Rio Imboaçu.

São Gonçalo, 26 de fevereiro de 2016.

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