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17/05/2013

A Lua como Lágrimas

Seus olhos são tão tristes que as vezes posso me ver escorrendo através deles. Sabe, as vezes o vento muda de direção e nos traz o cheiro de novas flores.

Isso é bom, os cancioneiros mais antigos entoam versos que falam sobre musas e heróis. E eu escrevendo sobre os vários perfumes das flores.

É verdade que os lírios do passado também me fizeram chorar. Esta noite eu sonhei como um louco jamais sonharia, que sentados à beira do abismo riamos da desgraça do mundo.

Os pássaros nunca cantam para o passado, e diante dos passos, mesmo nas noites de solidão, existe o brilho da lua que resplandece no céu como as lágrimas que, vez ou outra, eu escorro.

São Gonçalo,  16 de maio de 2013.
(Ouvindo Leonard Cohen)

16/05/2013

Céu sem Estrelas

Sentir e não tocar,
amar sem ter,
ter sede e não beber,
ter fome e comer restos.

Cantar um Blues sem voz,
matar a paixão com a
própria alma,
voar sem sair do lugar.

Sem sentido, desconexo,
cego sem guia
no meio da tempestade,
estátua de sal na beira do mar.

Cão sem dono, joio sem trigo,
céu sem estrelas, vontade
de apenas... nada, 
nadar... afundar...
Nada indefinido de um tudo,
nadar no infinito.

São Gonçalo, 2005.

06/05/2013

Amargo e Doce

Ela se diz amarga,
mas vejo a docilidade
em seus olhos castanhos.
Desejo com toda minha
insanidade os seus lábios
e o seu perfume me conta
velhas histórias de amor e me
lembra antigas canções de ninar.

Seu colo, jovem, ardente,
me embriaga em meus
devaneios perdidos e divago
entre as névoas da cidade cinza
que dorme de portas
e janelas fechadas.

Sorrimos e lamentamos
no olho da rua, ela me carrega
pelas mãos para viagens de um
amanhã que já não vislumbro.

Mas, assim mesmo a desejo,
quero tocá-la e saber se é real.
Contenho-me, disfarço,
pois estou velho demais para
enxergar a verdade.

Só o que eu sei, é que o amargo
pode ser tão doce
quanto o meu peito é uma porta
escancarada.

São Gonçalo, 02 de maio de 2013.