entregue ao mundo
como grãos de areia que escorre
entre os dedos e se entrega
numa dança melancólica e solitária
ao vento sem destino.
E sendo alado, sem os pés no chão,
sem asas de anjo ou de mosquito,
sem grilhões, ao ver grêlos piscando,
grilos cantando, boemia sorrateira
que me invoca quando a lua sobe,
me sobe a ânsia soberba do mundo.
[Entregue-se ao seu carrasco, ele não irá mentir para você. Ele só usa uma máscara,
mas suas ações são verdadeiras.]
O coro de anjos quando canta
traz ao mundo a esperança perdida.
Mas já tem muito tempo
que o céu vive calado entre nuvens
e trovões, entre estrelas e o vazio
de muitas almas inquietas amordaçadas.
É como se a esperança perdida fosse
o tempo que ela mesma se entrega
e se devota com o ardor de saber
que mesmo sendo certa a derrota
ela esperará do céu,
o ecoar da primeira clave de sol.
São Gonçalo, 21 de agosto de 2012.
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Um comentário:
É insistindo na esperança que seguimos. Saudades de ler teus escritos meu querido poeta. Beijos
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