aberto, plexo lunar, na noite serena
e escura da alma.
Escrevem poemas e celebram
dor, comem em pratos de ódio
e bebem nas taças da ilusão
nossa de cada dia.
Vasto céu sobre nossas cabeças,
vastas idéias pré-programadas
em circuitos interligados
a nada.
Caminhar não é voar e
assim não se atravessa
o abismo que está diante
dos olhos enfadados.
A galinha tem asas para voar
mas está presa ao chão
na sua realidade de galinha.
A águia voa e com determinação
arrebata bezerros ao seu ninho
no alto do penhasco.
A natureza da águia é ser águia
e a da galinha é ser... presa.
A minha eu já não sei.
Ela fechou o sorriso
e deu de ombros a olhar o céu.
Vai chover. Nuvens escuras
celebram o fim da tarde.
Estrelas se escondem.
Eu me escondo.
O mundo se esconde atrás
das linhas inimigas.
Busco em alguma coisa
inexplicável
como se deve viver
entre seres inacabados como eu.
Pois eu já nem sei o que sou
ou mesmo o que estou escrevendo...
São Gonçalo, 08 de fevereiro de 2012.
2 comentários:
"Busco em alguma coisa
inexplicável
como se deve viver
entre seres inacabados como eu."
*Trecho que mais me chamou atenção nesta poesia.
Essa talvez seja a maior complexidade de "ser" humano. O maior desafio é tentarmos, ao nosso modo, lidar com a incompletude natural do ser humano. Cada um preenche esse espaço de alguma forma. Achar a persona que se encaixe na multiciplidade de uma personalidade é desafio eterno da vida e nos impulsa a cada momento. A maior cilada disto estaria em se prender em uma única máscara e não saber quando se desligar dela para encarar a realidade dura como é. Bom..compartilho aqui da reflexão que tive em minha leitura da poesia.
Evoé poeta
Tive a grande honra de ouvir este belo poema numa bela noite
de sext-feira no noite da taverna
concordo profundamene com o poeta rômulo souza.
"Quanto mais nos compreendemos mais descompreendemos
Cada descida ao abismo,a volta
tudo é diferente,o nós que ficamos mais estrangeiros?"
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