.

.

04/01/2011

Anoitece

Quero o vento quente da tarde
no gosto da cerveja gelada.
Os cães ladram, os homens mordem
e a caravana se instala
na miséria nossa de cada dia.

Anoitece, horário de verão,
já é tarde para ligar a televisão,
é cedo demais para a boemia
e perco a medida do tempo.

O mundo parece não ser gentil,
orações não são mais ouvidas
porque a fé se tornou moral
pré-concebida. Oremos:

"A poesia nossa de cada dia
nos liberte para a verdade,
nem que seja para a santidade
ou que seja para uma orgia."

O vento quente da tarde
se esvai com o manto frio da noite,
já é tarde, muito tarde, tenho azia
para a boemia e eu não tenho
televisão.

São Gonçalo (Shopping Corcovado), 27 de dezembro de 2010.

3 comentários:

Henrique Santos Pakkatto disse...

E os anjos dizem amém!
Genial!

Carlos Orfeu disse...

"A poesia nossa de cada dia
nos liberte para a verdade,
nem que seja para a santidade
ou que seja para uma orgia."

Embora que tente passar o que falar de cada poema,deixo o silencio
pois palavras são poucas para descrever cada inefável poema

...........

Barbara disse...

MARAVILHOSO!!! Ouso dizer que é o segundo melhor, depois de Thorazine!