ao lado de um rio imundo,
com as copas crispadas
a ofenderem o céu.
A passarada a rejeita,
os insetos, dela, já não se nutrem.
Seu tronco áspero cinzento,
tal qual um cadáver embalsamado,
que resvala contra o tempo
atrai os olhares dos poetas
e afugenta a atenção dos passantes.
Ah, ardor que penetra minha alma,
tristeza que rasga e fere o coração.
Frígida, entorpecida, pétrea árvore,
ofereço de meu corpo sem emoção
o meu morno calor e minha alma torta
num abraço heróico, ó compadecida
escultura de natureza mórbida
erguida em riste, com devoção.
À triste e solitária árvore morta,
entrego-me com adoração.
Alcântara, 27 de janeiro de 2008
2 comentários:
cada galho nu e vazia
de uma árvore sem frutos e sem folhas,são os anos que esvaecem no silêncio,a cada vislumbrar de tal beleza,mórbida,sondamos vossa vida com centenária árvore,tem estaçoes de deleites,estaçoes de dores,estaçoes de solidao.
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