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17/11/2008

A Uma Dançarina do Ventre


Sagrado, sagrado, sagrado
Os seus gestos a hipnotizarem
A minha vulgar e apaixonada visão.
Virtuoso o seu ventre a serpentear
A libido inescrupulosa e platônica
Que me alucina em súbita antalgia.
Sagrados e virtuosos são seus pálidos
E misteriosos olhos azuis
Em que eu mergulharia
Minhas vãs e ocultas fantasias.
A plenitude de seus lábios
Num sorriso condutor de meus pobres desejos.
Ah, como eu desejaria!
Ah, como eu desejaria!
Suas madeixas ruivas a envolverem
Seu corpo belo e alvo numa dança erótica,
Num contato híbrido de nossos corpos
Nos gozos lúbricos sempiternos
Em que eu uivaria.
Sagrado, sagrado, sagrado
O seu corpo a coreografar
O ensaio do desejo de alcova
E do puro desejo de amar.
Sua virtude é sua existência,
São seus guizos a ecoarem
Em meus atos de cobiça e penitência
Para que um dia num cortejo sonhador,
Sua saliva em minha boca
Eu possa provar.