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18/04/2016

O Choro do Rio

Sol ferve sobre o monte
- de Vênus -
esverdeado,
saliva amarga
de noites ululantes.

Mosquitos falantes
e fadas desnudas, grilos,
muitos bichos, grilos...
& sentimentos engarrafados
que não se pode beber
senão envenena alma
& coração.

Perna inchada, cabeça cheia,
turvas lembranças
de porra nenhuma,
des-con-si-de-ra-ção:

- faça um amigo e ele saberá te maltratar mais que um inimigo -

, o rio canta suave à esquerda,
ou à direita (e cantam à
direita ou à esquerda felicidades
destiladas, desbirlotadas ou
encenadas).

Transas e tranças no ar e eu
não tenho transado e não
tenho mais tranças, minha calvície
reflete o que sou
em rugas de expressão,
ideias que mudam com
as estações e preguiça
após o almoço.

Eram tempos imemoriais.

Penso assim como dispenso
e ouso cantar
com o choro do rio
que se lamenta
e se desfaz em cascatas
em algum lugar...
...
...


Aldeia Velha (Aldeia Rock Festival XV), 25 de março de 2016.   
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04/04/2016

Jardim Obsceno

Ou poema para ser musicado numa tarde de primavera

Quantas, quantas rosas
Tem no meu jardim?
Eu já perdi as contas
Das rosas, das rosas!

Umas são vermelhas,
Outras têm espinhos,
Mas sei, todas as rosas
Nascem pro carinho.

Umas são carnudas,
Outras despetaladas,
Mas sei, todas as rosas
Podem ser amadas.

Quantas, quantas rosas
Têm no meu jardim?
Já perdi as contas
De quantas eu beijei.

Umas têm desejos,
Outras nunca sonham,
Mas rosas são sensíveis,
C'um toque se envergonham.

Eu já colhi rosas
De todas as cores 
E Pragas e suspiros
De muitos amores.

Quantas, quantas rosas
Tem no meu jardim?
Eu já perdi as contas
de quantas deixei. 

São Gonçalo, 2007.