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Dispa-se de sua melhor roupa! Ouça a
grama crescer e veja que tudo a toda hora a todo momento, o antes e o agora, o
dentro e o fora, toda forma de poder, de foder e de esquecer, o mundo que não
conseguimos segurar em nossas mãos diante de nossos olhos mergulhados no vazio,
nada está ao nosso alcance... Descanse em paz, siga a seta, tem cheiro de gás
nas esquinas – se lembra de quando você brincava no quarto escuro com sua
prima? – coma poeira, meça a palmos a parede e se esconda no desen-canto...
ruídos, rugidos, pruridos, tempus fugiti... tempo fode-te, tempo corrido, não há fuga, não há
vagas, vagabundos e vagabundas se confraternizam na sala de espera do
des-espero. Fácil de montar... difícil entender... desfragmentando a vontade de
viver. Soma: 1 + 1 = 0 a meio confuso. Tenho dito coisas absurdas na frente do
espelho, tenho esperado o cometa Halley desde 1986, tenho espreitado o medo da
solidão na frente da tevê com meu pau na mão... Dispa-se da sua melhor roupa!
Entenda como as palavras cruzadas nunca se encontram e que o olho do furacão e
do cu são cegos e que a palavra que não se cruza com palavra só vale quando
escrita e registrada no cartório e que Deus é um só e você O imagina parecido
com você e que o gato mia, o pombo arrulha, a hiena chora, o burro zurra, o
lobo uiva, o corvo grasna, o cuco cuca, o cão ladra e a caravana passa, o
tigre-urso-e-veado bramem a vaca berra e o pau enterra... Dispa-se de sua
melhor roupa e deixe sua cabeça no congelador para ver se refresca suas ideias!
Eu perdi o meu celular e tenho que comprar outro para falar com o mundo lá
fora!
São Gonçalo, 10 de outubro de 2013.