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09/02/2012

O Que Estou Escrevendo

Ela sorriu para mim, entre meu peito
aberto, plexo lunar, na noite serena
e escura da alma.

Escrevem poemas e celebram
dor, comem em pratos de ódio
e bebem nas taças da ilusão
nossa de cada dia.

Vasto céu sobre nossas cabeças,
vastas idéias pré-programadas
em circuitos interligados
a nada.

Caminhar não é voar e
assim não se atravessa
o abismo que está diante
dos olhos enfadados.

A galinha tem asas para voar
mas está presa ao chão
na sua realidade de galinha.
A águia voa e com determinação
arrebata bezerros ao seu ninho
no alto do penhasco.

A natureza da águia é ser águia
e a da galinha é ser... presa.
A minha eu já não sei.

Ela fechou o sorriso
e deu de ombros a olhar o céu.
Vai chover. Nuvens escuras
celebram o fim da tarde.

Estrelas se escondem.
Eu me escondo.
O mundo se esconde atrás
das linhas inimigas.

Busco em alguma coisa
inexplicável
como se deve viver
entre seres inacabados como eu.

Pois eu já nem sei o que sou
ou mesmo o que estou escrevendo...

São Gonçalo, 08 de fevereiro de 2012.