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31/10/2011

Luz

em memória de minha mãe.
Você veio ao meu encontro
vestida de luz e estrelas.

Eu invoquei uma antiga oração
costumeira e dissipei as trevas
de meu corpo cansado.

Mergulhado na saudade ancestral,
nostálgica insensatez, vulgar destino
que me separa do seu sorriso.

No mundo onírico quando vens
ainda quero cuidar de suas chagas,
como se nunca antes tivesse partido.

Hoje, são as minha chagas que estão
abertas em meu espírito inquieto e
oprimido por coisas que nem sei.

Já não sei mais amar, já não sei mais
sentir o perfume das flores e beijar
a face oculta de Deus.

Apenas sou o que sou no constante
fluxo de mim mesmo, no vértice
profano do meu existir.

Quando você veio ao meu encontro,
quis ficar ali, no brilho de sua luz,
acolhido como um pássaro no ninho,
longe do mundo pesado que acorda
em minha costas.

São Gonçalo, 31 de outubro de 2011.

03/10/2011

Poeminha Para Ser Cantado Quando Se Apagar a Última Estrela da Noite

Meus olhos caem como estrelas
dentro dos seus.
Nuvens embaçam todo um céu
que não é meu.
Lou Reed na vitrola,
petisco, coca-cola
com vodka descendo no caminho
entorpecendo a alma.

Distante fico em risco incerto
de quem perdeu.
Palavras soltas na inconsciência
de um semi-deus.
Desligo o corpo
e Lou Reed vai embora...
verdade amarga, da ressaca
sem memória.

Meus olhos noite escura
da alma em breu.
O sol invade, repele, queima
um sonho meu.

Meu peito tão perfeito
amar não sabe.
Se esquece embriagado
de tudo que foi meu.

São Gonçalo, 03 de outubro de 2011.