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21/01/2010

Tempestade II

Mesmo que o sol queime o meu corpo,
e que o vento traga tempestade,
e que a tentação do caminho envolva minha alma,
tenho fé e continuarei caminhando.

Cantarei à lua e beijarei as nuvens,
vou enamorar-me com as estrelas,
vou escrever o meu destino com a pena da percepção,
pois tenho fé e continuarei caminhando.

Já não desisto da batalha
antes do ressoar da corneta!
E se anjos e demônios disputam o meu corpo,
que fiquem com ele!

Pois minha mente é livre e meu espírito voa
para lugares longínguos imagináveis,
onde a dança cósmica se revela
aos olhos eternos do Infinito.

E se a Morte me convidar para uma dança,
reclinarei a cabeça e direi que serei velho
demais para dançar tão novo
e adio o baile para o amanhã.

e se as ninfas quiserem minha companhia
direi que sou um fauno velho demais
para correr e brincar na floresta
e beber de seus conos o vinho da devassidão.

Já não vejo graça nas festas e em sorrisos falsos,
fujo dos medíocres e das possibilidades
de enfadarme aos cânticos de bocas podres
e de suas pobres promessas.

E ainda que atirem suas setas
e firam meu espírito com veneno,
eu terei o antídoto da salvação,
A fé em que continuarei caminhando.

E que ninguém acredite em mim,
que todos duvidem de minha vitória,
não me importo com as opiniões alheias
dos derrotados e medrosos que temem em caminhar...

Eu tenho a minha fé e continuarei caminhando
dentro da minha própria tempestade...

São Gonçalo, 18 de janeiro de 2010.


07/01/2010

Anjo Ferido


Sou um anjo ferido.
Ferido pela própria espada,
Jogado em um canto qualquer
Sem rumo e sem usar minhas asas.

Um anjo-homem
Ferido por um demônio-mulher.
Ceifado como um cordeiro em apatia
Na mais profunda agonia.

Um aparato de servos me ostentam
Ao brado mais triste que me reluz.
Ao esplendor de um pecado mortal
Um mero corpo seduz.

Luz profunda de dor,
Clareia-me com força e rubor!
Vidas lançadas ao mundo,
Sinfonias de um mesmo amor.