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27/08/2009

Amar como Amam os Poetas

Amar como amam os poetas...

É blasfemar contra a sensatez,
É acreditar amar e ser amado...
Poeta é ente maldito!
Indigno de sentimento tão puro,
É digno mesmo de vagar pelo mundo
Em eterna aflição e ser escarnecido
Por cada objeto de seus desejos.
É digno sim, de sentir inevitavelmente
Uma chama intensa queimar o peito.
É também sentir queimar em sua língua
Sacrílega, cada verso e promessa de eternidade...

Amar como amam os poetas...

Poetas não são dignos do amor,
São dignos de uma direção incerta,
De se olharem ridículos no espelho
E sorrindo e medindo os defeitos
Não saber a diferença do que é belo ou vil.

Amar como amam os poetas...

Poesia é fogo que corre no peito,
Como o fogo escaldante
Que invade o corpo e toma a alma
De paixão...

...Desejo...
...Incerteza...
...E medo.

24/08/2009

Espinhos II

Há no meu peito espinhos,
e não sou flor, não sou rosa,
nem erva, nem nada!
Sou um poeta maldito,
um cão vira-latas que trôpego
ouve o chamado da estrada.

Talvez eu tenha culpa
de beijar a noite na boca
e escarrar na face fria do sol,
pois, já não há melodia
na música em que outrora
compus feliz no arrebol.

Frio e filho da madrugada
fria, entoo meus negros descompassos,
e sigo ferindo no meu caminho canhestro
a vida lúdica que eu mesmo desfaço.

Espinhos no peito, eu todo espinhos,
sou o ejaculador de desesperanças
da minha alma morta que
me vomita nessa mundo sozinho.

São Gonçalo, 24/08/09.

12/08/2009

Sangue e Êxtase

Pálidos sob a chama da vela,
reflete-se nas paredes sombras e medos.
O intruso invade o jardim das delícias
e explora seu interior até a alma.
Na cama-arena os corpos trêmulos
se devoram com desejos intensos
e vorazes sob a súplica de beijos.

O orgasmo é uma reciprocidade animalesca!
Unhas e dentes cravam nas carnes
e saboreiam o salgado e o amargo
na virtude inebriada do prazer.
Se contorcem, com espasmos instintivos
no âmago da devoção.

Feridos, suados, satisfeitos como bárbaros
que venceram uma batalha,
deixam a arena com o anseio
de um novo conflito.
São Gonçalo, 02 de setembro de 2005.

06/08/2009

O Corredor, a Porta e o Crucifixo

Sujo de pecado, ponho de volta
o crucifixo em meu pescoço.

Eis o vértice descerebrado
de minhas condutas pseudo-maniqueístas.

Ouço passos na escada e batem à
minha porta. Mas há muito ela não se abre
e não digo boa noite ao estranho.

O corredor à noite, pouco iluminado,
é a minha alma entorpecida de
dúvidas e descasos.

As batidas se repetem, mais fortes do que antes.
Me incomodam e faz o meu sono ir embora.
Abro a porta que range e me atira
num futuro desconhecido. 

Do lado de fora
eu mesmo me cumprimento.
São Gonçalo, 03/08/2009.